HABITAT
O ambiente interfere na vida do animal na fase de colonização, no desenvolvimento da forma do zoário e na fisiologia do zoóide. A fixação da larva está vinculada, principalmente, à temperatura, ao tipo de suporte disponível e à taxa de sedimentação. O desenvolvimento do zoário só é possível se a forma da colônia for compatível com a hidrodinâmica. As colônias eretas não se desenvolvem ou são fragmentadas quando a circulação das águas e as marés são fortes A temperatura é um fator importante na reprodução e distribuição mundial dos briozoários, cuja composição varia com a latitude. O indivíduo, por sua vez, depende das características físico-químicas da água favoráveis para realizar suas atividades fisiológicas e manter o zoário vivo.
No Estado da Bahia, os briozoários são encontrados vivendo no ambiente marinho desde a zona da entremaré com afloramento rochoso (Itapuã- figura 1A) até a quebra da plataforma continental (200m) ou mais, incluindo os ambientes de mangue (rios Jacuipe e Jaguaribe), baía (Baia de Todos-os-Santos e Camamu) e recifes (Guarajuba - figura 1B e complexo recifal de Abrolhos -Figura 2).
Nas praias, os briozoários vivem nas poças de águas rasas e nos pequenos canais que recortam os bancos carbonáticos, fixados às bordas rochosas e aos fragmentos de rocha de vários tamanhos. Eles se fixam também sobre fragmentos e restos esqueletais de diversos tamanhos de alga calcaria Halimeda, conchas de moluscos gastropodos ou bivalvos (figura 1C), crustáceos e esponja calcaria e ainda sobre algas perecíveis (Sargassum) (figura 1D), de outros briozoários (figura 1E), fragmento vegetal (figura 1F), fragmentos de rocha (figura 1G), hidroide (figura 1H) e até tartarugas (praia do Forte). No manguezal próximo ao Rio Jacuipe, município de Camaçari foram encontrados sobre fragmento de madeira, na forma de manchas brancas, circulares com númerosos poros, semelhante a casa de abelhas. As manchas chegam a alcançar 2,5 de diâmetro (figura 1F).
No ambiente recifal, eles participam da colonização, fixação e crescimento da sua estrutura. A fragmentação das colônias contribui para a composição do sedimento em torno dos recifes. Estão associados a moluscos, algas, corais, equinodermos, esponjas. Nos locais onde a freqüência de grãos minerais (quartzo e mica) é maior do que a de grãos carbonáticos, originados da fragmentação dos organismos calcários ou da precipitação química, esta microfauna é pobre em abundância e na variedade de espécies.
Figura 1 - Habitats: A - Afloramento rochoso (Praia de Itapuã); B - Afloramento carbonático coraligeno (Praia de Guarajuba). Tipos de suportes para colônias incrustantes (manchas brancas e circuladas por linha vermelha): C. Conchas de moluscos ; D. Alga; E. Esponja; F. Madeira; G. Nódulo calcário; H. Colônia com zoóide eretos sôbre hidróide.
Figura 2 - A -Participação dos briozoários (côr amarela) na estrutura do recife: 1. Comunidade epiplanctônica; 2. Habitantes de incrustantes na cavidade ; 3. Partículas do sedimento; 4. Membros da comunidade criptica; 5. Incrustadores de abrigos (adaptada de Cuffey, 1972. B- Desenho de fragmento coralineo do recife de Abrolhos mostrando briozoários incrustantes (côr azul) preenchendo cavidades ( adaptada de Leão, 1982)
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