DIVERSIDADE E IMPORTÂNCIA
Os esqueletos calcificados dos briozoários se tornaram abundantes durante o período Devoniano, há 440 - 460 milhões de anos atrás. Várias ordens se extinguiram ao longo do tempo geológico. Deste período existe ainda a ordem Cyclostomata, presente nos ambientes marinhos atuais, juntamente com a ordem Cheilostomata, que surgiu, muito tempo depois (SMITH, 1995). Existem cerca de 6000 espécies vivas (HARMELIN et alli , 2011) e 20000 espécies fósseis (WINSTON & MATURO, 2009).
O grupo apresenta uma grande diversidade na morfologia e fisiologia do zoário e do zoécio, que permitiu sua grande adaptação aos diversos tipos de ambientes aquáticos. No Brasil, a lista sistemática mais recente, elaborada por Vieira et alli (2008), apresenta 346 espécies citadas na literatura. A ordem Cheilostomata domina com 271 espécies sobre as ordem Ctenostomata e Cyclostomata com 42 e 33 espécies, respectivamente. Este número não é definitivo e tem aumentado a cada ano, graças ao trabalho intensivo da sistemática dos briozoários ao longo da costa brasileira, incluindo as águas profundas. Ramalho (2005, 2008 a e b, 2009 e 2011) inclui mais 6 registro novos para o Brasil e 5 espécies novas para o Rio de Janeiro. Santana et alli, 2009, descreveram uma espécie nova para o Estado de Sergipe. As espécies não marinhas (Ordem Phylactolaemata) só ocorrem em estuários, rios, lagos e lagoas. Nenhum estudo foi realizado para este grupo, que requer métodos e técnicas de coleta especiais. A ausência de esqueleto calcário dificulta o registro das espécies dessa ordem após a morte.
Os estudos realizados na costa baiana revelaram que a distribuição, abundância, diversidade e a composição das espécies de briozoários estão relacionadas a determinados fatores locais principais: temperatura, salinidade, profundidade da água, deposição de sedimentos e o tipo e disponibilidade de substrato local (CARROZZO, 2002). Porém existem fatores ecológicos que abrangem a área continental: correntes oceânicas (feições oceanográficas), variações na concentração de pigmentos do fitoplâncton, a morfologia ao longo da costa (fisiografia costeira), o lançamento de águas do rio para o mar e, também, os materiais que ficam em suspensão na água (ALMEIDA, 2011). Ao longo de quase toda a costa, entre Açu da Torre (12º S) e o extremo Sul (18º S) do Estado foram citadas 183 espécies nos trabalhos publicados na Bahia (vide Levantamento bibliográfico). Um novo registro da família Hiantoporidae para o Atlântico Sul foi assinalada no Arquipélago de Abrolhos. Além desta família, foram observadas 22 ocorrências novas na categoria de espécies, para a Bahia e para o Brasil.
Os constantes avanços tecnológicos são responsáveis por alterações importantes na taxonomia do filo. Os estudos filogenéticos tem contribuído para solucionar problemas com o complexo de espécies, isto é, a variabilidade morfológica na espécie dificulta distinguir a presença uma ou mais espécies O número de espécies apresentada, portanto, indica o conhecimento atual e está sujeito a alterações futuras.
Importância Ecológica
Participam da cadeia alimentar; na construção da estrutura recifal ; bioindicadores de parâmetros ambientais em biomonitoramento e zoneamento de salinidade, qualidade da água e outros. (Ambrogi e Ochipinti, 1983; Cook, 1985; Cuffey, 1974, 1985, 1979; Leão, 1982; Rao et alli 1983; Ryland, 1970; Soule et al, 1995; Soule et alii,1975).
Importância Econômica
Participam de bioencrustaçãoes responsáveis pela obstrução de tubulação de refrigeração de navios; fauna portuária descrita por diversos autores com cerca de 150 espécies componentes da bioincrustação que recobre os cascos das embarcações. Formam depósito espesso e extenso de colônias de briozoários de Membraniporiopsis tubigera e Electra bellula, recobrindo redes e praias, trazendo prejuízos para a pesca, usuários e serviço de limpeza das praias (GORDON et alli, 2006).
Importância Medicinal
Alcyonidium gelatinosum é responsável por dermatite alérgica; matéria prima da Briostatina, composto orgânico produzido por uma proteobactéria endosimbiótica de Bugula neritina, é usada para manter a atividade dos linfócitos durante as terapias de câncer. (NEWMAN, 1936, DAVIDSON & HAYGOOD, 1999, DAVIDSON et alli 2001; MCGOVERN & HELLBERG 2003; RYLAND, 1967)
Importância Paleontológica
Contribuem para a determinação da idade de rochas sedimentares como fósseis - guia da Era Paleozóica; constituinte principal dos recifes na Era Paleozóica; para a definição de camadas, correlações estratigráfica e zoogeográfica, e; como bioindicador de parâmetros ambientais antigos nas reconstruções paleoecológicas e na delimitação de zoneamento ecológico (ASKREN,1968).
Importância Geológica
Durante a Era Paleozóica, eles foram construtores de recifes, mas hoje são importantes apenas na formação da estrutura basal dos recifes coral- algálico e areia perirecifal.
Participam da composição do sedimento carbonático – Ex. bancos de areia e areias perirecifais, constituídas principalmente por briozoários, principalmente no sul do Estado da Bahia, em Ilhéus e no Complexo Recifal de Abrolhos.
Participam também na formação de briólitos (estrutura calcaria arredondada formada por camadas concêntricas alternadas de briozoários e alga calcária), e podem der utilizados como bioindicadores de parâmetros do ambiente sedimentar, tais como a origem, o transporte e a deposição do sedimento; e, inclusive a definição de fácies sedimentares – biofacies e traçam o movimento da areia.
(APOLUCENO, 2000; CARANNANTE, 1988; CARROZZO, 2001 BRICHTA, 1996; LAGAAIJ, 1968; MELLO et al, 1975; MILLIMAN et all, 1975).
©2012 Os Animais de Nossas Praias